Encontrei este texto muito interessante da autoria do Hélio Rodrigues no blog AutoanDrive.
Bedford CF1/CF2 (1969 -1987)
A anti-Transit
"No ano em que a Ford Transit comemora o seu 45º aniversário, porque não fazer uma viagem a bordo do seu arqui-rival de sempre – e que ainda hoje é um dos veículos mais procurados, para lazer e caravanismo? Senhoras e senhores, divirta-se numa “trip” quase psicadélica ao Alentejo litoral profundo, nos anos 70, numa Bedford CF branca: a anti-Transit!"
"Agosto de 1974. O primeiro “Verão quente” após o golpe de Estado do 25 de Abril. Euforia, irresponsabilidade, o regresso dos vagos ideais do “Make Love, Not War” – um pouco atrasados, mas isto sempre foi algo natural no nosso Portugal. Ainda hoje…
Uma Bedford CF a 140 km/h, na planície alentejana – nessa altura, era planície e era, ainda, alentejana. O rádio troava uma música qualquer – nessa altura, ou eram os ABBA, ou, mais apropriadamente, o Fausto ou a Ermelinda Duarte a atroar o “Somos Livres”. Já que, para quem não se recorda, o fado começou então a ser considerado obra do regime e os cantores que existiam foram obrigados, à força das G3 e dos encapuzados que dominavam a vida pública nacional, a fecharem-se numa concha durante alguns anos.
Bom, mas afastando este triste reavivar de memórias (convenientemente…) esquecidas, temos então uma CF a 140 à hora em pleno Alentejo, com o condutor a mamar uma Sagres e a morfar uma sandocha de frango assado, sempre a fundo e com a música aos gritos e os passageiros aos gritos também e a bater palmas desalmadas. Calor de chumbo, rectas infinitas, sobreiros e, cada vez mais, as dunas.
Os passageiros? Dois casais, um filho e eu.
Os casais: ele, na casa dos trinta e poucos, calvo precoce, físico de cegonha, magro que nem um galgo; ela, loira Marilyn, físico de miss campestre, dentes saídos. Do outro casal, apenas me recordo que ela era um espeto andante e que passaram os dias seguintes (e noites) perdidos nas dunas.
O primeiro casal era o dono da CF e era quem tinha o filho: oito ou dez anos, presumo que mimadamente único. E eu: 14 anos, esqueleto ambulante, pele branco marfinada – e olhos esbugalhados e sem óculos, pois era a primeira vez que seguia a 140 à hora, numa Bedford CF. Mas não foi a única, embora estas sejam outras histórias.
Destino: Vila Nova de Milfontes. A pura: nada da aberração turística que hoje é. Um exemplo: as dunas eram brancas, tinham cardos duros e secos aqui e ali; desapareciam junto à água do mar, transformadas em faixa de areia dourada. Não existiam barracas, não existia sequer a ponte. Água potável e pão, tínhamos que os ir buscar, manhã cedo, ao Cercal. Foram duas semanas inesquecíveis, a dormir dentro da CF – o condutor estirado nos bancos da frente, cá atrás a Miss Marilyn, o filho e eu. O outro casal, só o voltávamos a ver com o nascer do sol.
Praia, muita praia. Sol quente e limpo, sem os tais raios UV e afins, desta época moderna. Nalgumas tardes, pesca à cana nas rochas que entravam mar adentro, ao fundo da praia. À noite, guitarras à volta da fogueira, na praia. Ninguém a aparecer de repente e a atirar a luz da lanterna aos olhos e a berrar que aquilo era proibido. Ou a falar num imposto qualquer nunca antes falado… Velhos tempos: de romantismo, de poesia, de liberdade. Como já não existe hoje.
Contudo, é preciso não esquecer que o herói desta história não são os passageiros, mas a Bedford CF – a anti-Transit. Vamos lá a isso."
Bem sucedida
"A Bedford CF, nas suas duas declinações (CF1 e CF2), bem como nas mais diversas versões (CF220, CF230, CF250, CF 280 e CF 350 – significando tanto o tamanho do motor, como do chassis ou, então, a capacidade da cabina de passageiros…), foi uma aposta bem sucedida da construtora britânica anexada à GM.
Os seus argumentos eram simples: fiabilidade, versatilidade, robustez e… simpatia. Isso mesmo: simpatia! Desde que foi apresentada, em Novembro de 1969, a Bedford CF cativou miúdos e graúdos. É bom lembrar que, então, o movimento “beat” estava no auge e, em conjunto com a VW Type 1 e Type 2, a CF cedo cimentou o seu lugar no mundo caótico de uma juventude apaziguadora das guerras então latentes por todo o lado e desejosa de aventura. Era a era do “Make Love, Not War” – ainda no rescaldo da contestação à Guerra do Vietname.
Porém, não foi apenas isso que selou o destino bem sucedido da Bedford CF: a sua capacidade de adaptação a qualquer tipo de trabalho, por mais colossal que fosse, não deixou indiferentes as forças laborais – desde logo assumindo uma rivalidade, nem sempre sã, com a então veterana Ford Transit. Ainda hoje, os clubes de um e de outro lado não morrem propriamente de amores uns pelos outros…
No início, a Bedford CF tinha apenas duas medidas de chassis – e motorizações a condizer. Ou seja, os modelos mais pequenos e leves, tinham um motor a gasolina de 1.599cc e um Diesel de 1.760cc; os maiores, de 1.975cc e 2.523cc. Os motores Diesel eram oriundos do universo Perkins. Em 1972, os motores a gasolina cresceram para os 1.759cc e 2.279cc, através do aumento do curso dos cilindros e apareceu uma versão chassis-cabina longa. A partir de 1975, todas as Bedford CF passaram a ser consideradas, na Inglaterra, como veículos pesados, por ultrapassarem as 2,2 toneladas! Nessa altura, um chassis extra-longo foi construído, com rodado duplo atrás e apenas disponível com o motor a gasolina de 2,3 litros. Os motores Perkins foram substituídos em 1977 por um motor da GM, com 2.064cc.
A principal alteração sofrida pela CF aconteceu em 1980, quando recebeu um “facelift” profundo, que a fez perder algum do seu encanto algo romântico dos primeiros anos. A grelha dianteira metálica, pintada à cor da carroçaria ou, então, de preto, desapareceu, dando lugar a uma grelha de plástico, sinal dos tempos que então corriam. Então, reformularam-se as designações das versões, significando isso o final da anterior CF220 e passando a existir apenas as CF230, CF250, CF280 e CF350, indicativos do peso bruto do modelo. Os motores sofreram também alterações – a versão mais fraca tinha o motor a gasolina de 1.759cc e os restantes, ou o motor a gasolina de 2.279cc ou, em alternativa, o motor Diesel anterior, mas com a cilindrada “revista” para os 2.260cc. Muitos donos da CF passaram a chamar a esta versão revista da CF original CF2, mas isso não é verdade. Foi preciso esperar mais quatro anos, para esta versão aparecer."
Vida para lá da morte
"Portanto, em 1984, a Bedford CF1 passou a estar acompanhada pela CF2, mais moderna tecnicamente, embora a carroçaria fosse muito semelhante à CF1 após o “restyling” sofrido em 1980. Este furgão tinha apenas um motor a gasolina, de 1979cc. Nessa altura, a CF passou a dispor de travões de disco e apareceu uma versão Ferguson 4WD, baseada no modelo 350. Uma CF eléctrica foi entretanto desenvolvida em colaboração com a Lucas.
A Bedford CF1/CF2 deixou de se fabricar em Julho de 1987, entrando directamente na História – onde ainda hoje se mantém, apesar de pouco conhecida dos mais distraídos nestas coisas dos carros da nossa vida… anterior. Então, a CF estava disponível com um motor GM de 2.0 a gasolina (78 cv), ou então com um motor GM 2.3 Diesel (61 cv), ligados a uma caixa ZF manual de cinco velocidades – ou, em alternativa, uma caixa automática GM de três relações.
Curiosamente, apesar de não ter conhecido desenvolvimentos a partir de 1988, a Bedford CF continua a ser amplamente utilizada, em especial em Inglaterra, em quase todas as suas versões clássicas. Um bom exemplo dessa longevidade está no Museu Militar inglês, que possui uma grande frota de CF e até mesmo nos Correios, que continuam a usar no seu trabalho diário de distribuição esta fiável furgoneta. Mas a faceta mais folclórica estará, sem dúvida, nas populares e coloridas carrinhas de venda de gelados, muitas das quais não passam de Bedford CF… disfarçadas!"
Link: http://autoandrive.com/2010/06/05/bedford-cf1cf2-1969-1987/
terça-feira, 31 de agosto de 2010
domingo, 29 de agosto de 2010
Vende-se 1977 CF personalizado
Destas CF's não se vê todos os dias!
Temos aqui uma CF de 1977 personalizada para venda em Ribeira De Pena.
Esta CF está fortemente personalizada ao estilo françês (não tem matriculas nas fotos...) e presumo que a origem seja mesmo França. É o modelo com chassis longo com tecto semi-elevado, porta do condutor dezlizante, tem um "kit" de caroçaria que inclui pala de sol exterior, entradas de ar no capot, uma janela "port hole", jantes especiais com pneus largos, e o mais importante, uma pintura ao estilo anos 70/80 com uma mural espectacular!
O interior tambem parece estar personalizado em vermelho com 2 lugares a frente e um sofa/cama atrás...
O preço anunciado é 750,00€, para mais informações contacte o vendedor.
Link: http://www.standvirtual.com/comerciais/Bedford/K353839/
Temos aqui uma CF de 1977 personalizada para venda em Ribeira De Pena.
Esta CF está fortemente personalizada ao estilo françês (não tem matriculas nas fotos...) e presumo que a origem seja mesmo França. É o modelo com chassis longo com tecto semi-elevado, porta do condutor dezlizante, tem um "kit" de caroçaria que inclui pala de sol exterior, entradas de ar no capot, uma janela "port hole", jantes especiais com pneus largos, e o mais importante, uma pintura ao estilo anos 70/80 com uma mural espectacular!
O preço anunciado é 750,00€, para mais informações contacte o vendedor.
Link: http://www.standvirtual.com/comerciais/Bedford/K353839/
sábado, 28 de agosto de 2010
Give me a lever and I’ll move the world
"(...) posso mover a Terra com uma alavanca" - Arquimedes
Que azar o meu... Ao estacionar o van no coberto para arranjar o bombito eis que aparece outro problema... a alavanca de velocidades desapareceu! O que? Onde foi parar? Estava aqui ainda agora...
Pois estava deitada no chão do van, tinha-se partido!
Havia sinais de estar rachado há muito tempo e só estava seguro por um cabelo, então foi melhor que partir agora do que na estrada numa viagem.
Como podem ver na foto, aquela peça grande serve para amortecer as vibrações do motor. Em vez de a alavanca ser uma peça solida é na verdade duas peças que estão unidas por um "amortecedor" de borracha vulcanizada para evitar que a alavanca pareça uma maquina de massagens vibratórias quando estás a mudar de mudança.
There were signs of it being cracked and it was only holding on by a hair, so I guess it was better that it broke now instead of on the road.
As you can see in the pic, that big round thing is a vibration dampener, so instead of the gear shifter being one solid piece it's actually two parts that are connected by a vulcanized rubber dampener so that the long lever won't shake the hell out of your arm when your shifting gears.
Que azar o meu... Ao estacionar o van no coberto para arranjar o bombito eis que aparece outro problema... a alavanca de velocidades desapareceu! O que? Onde foi parar? Estava aqui ainda agora...
Pois estava deitada no chão do van, tinha-se partido!
Havia sinais de estar rachado há muito tempo e só estava seguro por um cabelo, então foi melhor que partir agora do que na estrada numa viagem.
Como podem ver na foto, aquela peça grande serve para amortecer as vibrações do motor. Em vez de a alavanca ser uma peça solida é na verdade duas peças que estão unidas por um "amortecedor" de borracha vulcanizada para evitar que a alavanca pareça uma maquina de massagens vibratórias quando estás a mudar de mudança.
"Give me a lever (...) and I’ll move the world" - Archimedes
Just my luck... As I went to park the van in the shed to fix the brake cylinder, another problem pops up... the gear lever disappeared! What? Were did it go? It was here a minute ago...
It was laying on the floor of the van, it had broken off!
Just my luck... As I went to park the van in the shed to fix the brake cylinder, another problem pops up... the gear lever disappeared! What? Were did it go? It was here a minute ago...
It was laying on the floor of the van, it had broken off!
There were signs of it being cracked and it was only holding on by a hair, so I guess it was better that it broke now instead of on the road.
As you can see in the pic, that big round thing is a vibration dampener, so instead of the gear shifter being one solid piece it's actually two parts that are connected by a vulcanized rubber dampener so that the long lever won't shake the hell out of your arm when your shifting gears.
sexta-feira, 27 de agosto de 2010
sábado, 21 de agosto de 2010
Tom Fugle Van Power Belt
Church of Choppers juntou-se ao legendário artesão americano Tom Fugle para reproduzir uma serie de cintos vintage desenhados pelo David Mann e originalmente produzidos e vendidos pelo proprio Fugle nos anos 70. Cada cinto utiliza o melhor couro e é uma verdadeira obra de arte que é numerado e assinado pelo Fugle. Estes cintos tem todos temas de motard, mas Fugle também tem um para os vanners, Van Power:
Os cintos estão a venda em exclusivo pelo Church of Choppers e custam $85.00 USD.
Esta coleção é muito limitada por isso sejam rápidos: http://www.churchofchoppers.bigcartel.com/product/van-power
Projecto da semana: Polir II
Na continuação do projecto da semana fica aqui o resultado final:
Não está perfeito, para isso precisava de muitas mais horas a passar a lixa e polir, mas penso que ficou muito melhor do que estava...
Não está perfeito, para isso precisava de muitas mais horas a passar a lixa e polir, mas penso que ficou muito melhor do que estava...
quinta-feira, 19 de agosto de 2010
ebay: 1981 Cavalier Coachman
Up for sale on ebay is a 1981 Cavalier Coachman CF. As I mentioned in previous posts, these Cavalier conversions are quite rare to find today and this one looks like it's in much better shape than the previous ones that showed up on ebay: here and here. (The seller actually commented on one of those posts)
This Cavalier is also different as it has a full high top and could possibly be a one-off custom.
The van is running but the seller says that the 2.3 L petrol engine with 87000 miles and brakes may need to be looked at. Also claims that it "cruised comfortably at around 70 on the motorway". Inside you can see the plush upholstery, the swivel captain's chairs, table, kitchen camping equipment is all there with wood trimmings. Looks all good in it's 80's styling. Body wise there's a small dent, some rust and overall the van needs a complete overview as would be expected if you want it in top condition.
Starting bid: £500.00 (reserve not met)
Ebay Item number: 140442391457
Location: Harlesden, London, United Kingdom
ebay: Bedford CF MK1 van
Today's ebay find is this all original 1972 CF which the seller calls a survivor... If it survives or not will be up to the buyer because this MK1 has plenty of rust as you can see in the photos. The color is actually listed as being green... The slant 4 1.6 engine doesn't run either but what makes this van interesting and gives it a chance in being restored is the fact that it has front sliding doors on both sides which is a bit unusual.
The bid started off at 25 GBP and there's no reserve so this could end up being a good deal for someone, even if only for parts.
Ebay Item number: 320577470183
Location: Bridport, Dorset, United Kingdom
Ebay Item number: 320577470183
Location: Bridport, Dorset, United Kingdom
terça-feira, 3 de agosto de 2010
Projecto da semana: Polir
Esta semana estou a tratar de polir a tampa de admissão. Já fiz umas peças pequenas no passado e sei que isto vai demorar varias horas a fazer mas acho que no final vai ficar muito bem.
Já tinha passado uma escova de arame e só com isso já tinha um aspecto melhor.
O processo agora vai ser passar a lixa (à mão), lixa grossa, fina e depois lixa de água. Quando tiver muito bem liso e sem nenhuma risco começo a polir. Para isso tenho um berbequim, um mandril proprio, um "dremel" para os cantos mais dificeis de chegar, e massa de polir. Infelizmente só tenho massa fina o que vai tornar tudo mais difcil, pois devia primeiro passar umas massas de polimento mais grossas mas não consegui encontrar nenhuma nas lojas locais...
No final da semana espero que isto esteija a espelhar como se fosse cromado! :)
Já tinha passado uma escova de arame e só com isso já tinha um aspecto melhor.
O processo agora vai ser passar a lixa (à mão), lixa grossa, fina e depois lixa de água. Quando tiver muito bem liso e sem nenhuma risco começo a polir. Para isso tenho um berbequim, um mandril proprio, um "dremel" para os cantos mais dificeis de chegar, e massa de polir. Infelizmente só tenho massa fina o que vai tornar tudo mais difcil, pois devia primeiro passar umas massas de polimento mais grossas mas não consegui encontrar nenhuma nas lojas locais...
No final da semana espero que isto esteija a espelhar como se fosse cromado! :)
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